Manifesto pelo fim da poluição por plástico

  • O Brasil produz mais de 500 bilhões de itens de plástico descartável por ano que, em sua maioria, não têm reciclabilidade;
  • “Manifesto por um Futuro Livre da Poluição por Plástico” foi assinado por dez empresas, associações e fornecedores do setor de alimentos;
  • Imagem: Instituições signatárias demandam transição para uma nova Economia Circular do Plástico. Crédito: Lethicia Galo/CG Imagens 

O Brasil produz mais de 500 bilhões de itens de plástico descartável por ano que, em sua maioria, não têm reciclabilidade. Na busca por soluções, dez empresas, associações e fornecedores do setor de alimentos assinaram o Manifesto por um Futuro Livre da Poluição por Plástico. O compromisso foi firmado durante o Seminário Sustentabilidade à Mesa: alimentando um futuro sem plástico“, realizado pela Oceana, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e o iFood.

A poluição plástica está na pauta de discussões de políticas públicas. No palco internacional, o primeiro rascunho do Tratado Global Contra a Poluição Plástica, juridicamente vinculante, foi discutido na terceira reunião (13/11) do Comitê Intergovernamental de Negociação (INC, na sigla em inglês), em Nairóbi, no Quênia. O debate, promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), vai até 19/11.

Já no cenário nacional, o Projeto de Lei 2524/2022, em análise no Senado Federal, propõe enfrentar esse problema com soluções efetivas, por meio do estabelecimento de medidas de Economia Circular para a produção de itens de plástico no país.

Abordagem circular

Por meio do Manifesto, as empresas e associações signatárias defendem a transformação do atual modelo de produção e consumo a partir da adoção de uma abordagem circular, na qual produtos e embalagens sejam reintegrados à cadeia produtiva. Além disso, se comprometem a buscar alternativas inovadoras e investir em soluções menos poluentes.

O oceanógrafo Ademilson Zamboni, diretor-geral da Oceana, afirma ser urgente e necessário que os setores que funcionam como um elo entre o plástico descartável e o consumidor, como é o caso do setor de alimentação, se comprometam com a redução da poluição por plásticos. Mas ressalta ser necessário ir além e envolver outros atores de setores como o de cosméticos e higiene pessoal, por exemplo.

O estudo Fechando a Torneira: Como o mundo pode acabar com a poluição plástica e criar uma economia circular, do Pnuma, revelou este ano que a poluição plástica pode ser reduzida em 80% até 2040 se os países e as empresas fizerem mudanças profundas nas políticas e no mercado usando as tecnologias existentes. . Segundo o relatório, impulsionar o mercado de produtos reutilizáveis em vez de uma economia descartável é a mudança de mercado mais potente e pode reduzir a poluição plástica em 30% até 2040.

“Esse estudo revela que a transformação da economia do plástico traz inúmeros benefícios socioeconômicos, entre eles, mais de 700 mil empregos adicionais até 2040.”
Gustau Máñez Gomis, representante do Pnuma no Brasil

Valorização dos trabalhadores da reciclagem


Além de políticas públicas que estabeleçam que todo produto ou embalagem produzido no país deve estar apto à reinserção no modelo produtivo, através de sistemas de reuso, reciclagem ou compostagem, o Manifesto também pede soluções a preços acessíveis e remuneração digna para os trabalhadores da reciclagem.

Catadores e catadoras desses materiais devem ser reconhecidos pelo serviço prestado à sociedade, com a sua inclusão no programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). Todas essas medidas estão em consonância com o PL 2524/2022, que conta com a mobilização pública da campanha Pare o Tsunami de Plástico, já apoiada por 78 organizações da sociedade civil.

Manifesto pede soluções a preços acessíveis e remuneração digna para os trabalhadores da reciclagem. Foto: Lethicia Galo/CG Imagens

O preço de produtos e embalagens alternativas é um dos entraves para o fim da poluição plástica, justamente porque o plástico tem custo menor – já que o seu custo social e ambiental não é contabilizado. O Manifesto aponta que a demanda dos consumidores brasileiros por materiais sustentáveis será mais rapidamente atendida quando as alternativas alcançarem preços competitivos. Para isso, é preciso criar incentivos que favoreçam as escolhas de matérias-primas de fonte renovável, com altos índices de reciclagem e sistemas de reuso e reenvase.

Nesse sentido, Alexandre Lima, gerente de Sustentabilidade do iFood, afirma que “o foodservice é um setor potente da economia brasileira. Estamos comprometidos para que essa força possa também acelerar o processo de redução do plástico nas embalagens e que gere escala para a produção e o uso de embalagens mais sustentáveis, principalmente, no delivery“.

Signatários do manifesto

  • Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) – 1,4 mil empresas, 6 milhões de empregos e R$ 500 bilhões em vendas anuais;
  • Associação Brasileira de Produtores de Latas de Alumínio (Abralatas) – 25 fábricas, 17 mil empregos, R$ 18,3 milhões de faturamento;
  • Associação Brasileira de Embalagens em Papel (Empapel) – 1,2 mil empresas, 244 mil empregos e R$ 41 bilhões em receita/ano;
  • Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ) – 49 empresas, R$ 97 bilhões de faturamento/ano e 3,7 milhões de empregos.
  • Growpack
  • Marulho
  • Meu Copo Eco
  • Tamoios Tecnologia
  • Já Fui Mandioca
  • iFood

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