Por que eco fashion é melhor do que fast fashion?

A indústria da moda é uma das mais poluentes do mundo, afirma estudo apresentado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). Uma das razões é o fast fashion, que promove ciclo acelerado de produção, consumo e descarte das roupas.

Em contrapartida cresce o eco fashion, baseado no conceito da economia circular. A proposta é rever como a moda é produzida e mudar a ideia de que roupas são descartáveis.

Palestra de abertura  de Lilyan Berlim no Seminário Novos Caminhos da Moda, realizado pelo Senac Ceará em outubro 2021

A premissa da modinha que marca cada estação do ano, com suas cores e recortes, ainda leva muitas pessoas ao consumo constante de roupas para se manter com visual atual. Mas uma tendência vem ganhando espaço na mente e guarda-roupas dos que buscam um mundo mais sustentável. Utilizar peças produzidas com qualidade, com mais durabilidade e de baixo impacto no meio ambiente. É o eco fashion ganhando território sobre o fast fashion.

“Que conforto é esse que a gente acha que tem quando compra uma peça baratinha? Roupa não é baratinho, nunca foi. Se tornou barato porque há outras pessoas pagando o preço”, afirmou a professora Lilyan Berlim no Seminário Novos Caminhos da Moda, realizado pelo Senac Ceará em 2021. E complementa: “será que existe conforto em usar uma roupa que você não sabe onde foi feita, que em sua produção houve precarização do trabalho,  abuso sexual, uso de agrotóxicos em excesso?”

Lilyan é consultora do Sebrae-RJ e integra o corpo docente da Pós-Graduação em Moda e Sustentabilidade do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e dissemina o conceito da circularidade como um ecossistema de inovações: conectar todos os sistemas.

Tecidos podem ser produzidos a partir de fécula de batata, fécula de milho. O Brasil é um território profícuo para o desenvolvimento de pesquisas de biotecnologia. Foto: Kenneth Rodrigues/ Pixabay

A professora acredita que há hoje um outro olhar sobre como se trabalhar plantas, flores, musgos, algas, fungos. Mas pesquisas ainda são incipientes no Brasil e é importante fomentá-las nas universidades. “O Brasil é um parque de diversões para quem estuda biotecnologia”, afirma.

Impactos no meio ambiente

A produção em massa de peças de vestuário descartáveis, além de provocar aumento dos gases de efeito estufa e de seu impacto nos recursos hídricos, ainda gera um grande volume de lixo. O relatório “A new textiles economy: Redesigning fashion’s future”, lançado em novembro pela Ellen MacArthur Foundation, informa que 500 bilhões de dólares são jogados fora a cada ano com roupas que foram pouquíssimo usadas e que quase nunca são recicladas. Além disso, destaca que os tecidos liberam 500 mil toneladas de microfibras plásticas no processo de lavagem de roupas. 

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