O que fazer com resíduo gerado por sistemas de energia solar

  • Com o crescimento do mercado de energia solar, é necessário cuidar dos resíduos eletrônicos gerados com a manutenção dos sistemas, como inversores solares quebrados e placas fotovoltaicas;
  • De acordo com a cooperativa paulistana Coopermiti, especializada em lixo eletrônico, é possível reciclar inversores e a maioria dos equipamentos eletrônicos;
  • Conheça algumas empresas que atuam no segmento de reciclagem de equipamentos utilizados para produção de energia solar no Brasil.

A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) divulga mensalmente a evolução desta fonte de energia na matriz energética brasileira. De acordo com dados de abril 2023, a energia solar fotovoltaica já representa a segunda maior fonte de energia do Brasil, com participação de 13,1%, num ranking liderado pela fonte hídrica (49,8%). A energia eólica vem em terceiro lugar, com 11,5%.

Neste cenário, é importante ter atenção sobre o resíduo eletrônico gerado pelos sistemas de energia solar. De acordo com a Absolar, os módulos fotovoltaicos têm alta capacidade de reciclagem após o fim da sua vida útil, estimada em até 30 anos.

Um outro componente do sistema, os inversores, possuem materiais internos que podem voltar a ter vida útil na indústria, segundo a Coopermiti, cooperativa localizada na capital paulista especializada em lixo eletrônico. “É importante que o usuário procure pela descaracterização do inversor solar para garantir que este equipamento tão importante para a economia de recursos naturais tenha um destino igualmente verde”, afirma Alex Pereira, presidente da Coopermiti.

A cooperativa conta com postos de coleta distribuídos pela capital paulista e também realiza parcerias com instituições, empresas e indústrias para retirada de resíduos eletrônicos.

Ciclone bomba

A Aldo Crazy Recicla, programa de reciclagem da distribuidora de equipamentos solares Aldo, localizada em Maringá (PR), impulsionou a reciclagem de painéis solares a partir de julho de 2020. A passagem de um ciclone bomba em Rio do Sul (SC) danificou galpões e grande parte dos 2 mil painéis solares que forneciam energia para a empresa Stolf Utilidades.

A solução foi uma parceria com a Recicla E-Waste Company, que descaracterizou os equipamentos e reinseriu os resíduos dos painéis solares como matéria-prima ou para reuso. Os painéis fotovoltaicos são constituídos principalmente por vidro, silício, fósforo, arsenieto de gálio e condutores metálicos de alta resistência que precisam de descarte adequado para não poluírem o meio ambiente.

A Recicla E-Waste Company Brasil está implementando um sistema de logística reversa para coleta de painéis fotovoltaicos em empresas e prefeituras em todo o país.

78 milhões de toneladas de resíduos

Segundo dados da International Renewable Energy Agency (Irena), estima-se que serão descartados mais de 78 milhões de toneladas de resíduos de painéis solares no mundo até 2050. A SunR Reciclagem Fotovoltaica vê nesta estimativa uma oportunidade de mercado.

A empresa desmonta manualmente os módulos que chegam a sua planta, localizada em Vinhedo (SP), retira o alumínio, o vidro e os conectores e realiza o tratamento químico para extração da Prata, do Cobre e do Silício. Os materiais devidamente separados recebem a destinação correta e, segundo a empresa. cerca de 90% dos materiais podem ser reaproveitados e reinseridos no ciclo de produção.

Legislação no Brasil

Não há uma legislação específica no Brasil sobre reciclagem de painel solar e insumos para geração de energia solar. Deve-se observar a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n.º 12.305/10) que estabeleceu “responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos”.

Também vale consultar o Plano Nacional de Energia 2050, elaborado pelo Ministério de Minas e Energia e pela Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético. Entre os desafios apontados para o uso da energia de matriz solar está como tratar os equipamentos que não possuem mais utilidade para a produção de energia.

De acordo com o documento, “a vida útil dos módulos foƚovoltaicos tende a ser maior que os 25 anos declarados por seus fabricantes, já que este é o tempo após o qual a potência do equpamento atinge 80% do seu valor nominal. Independentemente da data de ocorrência, contudo, o grande volume de equipamentos faz com que o impacto ambiental deste descarte seja relevante.”

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