- ONU apresenta o Global Stocktake (GST), primeiro balanço global do combate à crise climática após definições do Acordo de Paris.
- Documento ressalta a necessidade de metas mais ambiciosas e que sejam aceleradas as ações por governos e empresas para combater as emissões de carbono;
- Deve haver decisões políticas e ações concretas para limitar o aquecimento global a 1,5C.
- Image: Nasa Climate
ONU lançou na sexta-feira (08/09/2023) o Global Stocktake, o primeiro relatório técnico com um balanço global sobre os avanços realizados a partir do Acordo de Paris, em 2015. O documento indica a necessidade de que sejam aceleradas as ações para combater as alterações climáticas e os seus impactos. O relatório traz uma síntese dos três diálogos técnicos realizados em 2022 e 2023 e apresenta 17 conclusões, destacando que houve avanços, mas há lacunas e oportunidades de soluções criativas prontas para serem implementas.
O secretário executivo da ONU para Mudanças Climáticas, Simon Stiell, recomenda fortemente que os governos estudem cuidadosamente as conclusões do relatório e compreendam as ações ambiciosas que precisam adotar rapidamente. O mesmo deve ser feito por empresas, comunidades e outros stakeholders chaves. “O balanço global é um momento crítico para uma maior ambição e para acelerar as ações.”
“Temos que proteger e valorizar a natureza, salvaguardar os sumidouros de carbono e transformar os sistemas alimentares, que são responsáveis por um terço das emissões de carbono. E precisamos de uma reforma fundamental da arquitetura financeira internacional que foi construída no século passado.”
Dr. Sultan Al Jaber, presidente designado para a COP 28
Para o presidente da COP 28, Dr. Sultan Al Jaber, para manter o objetivo de 1.5º C, é necessário agir com ambição e urgência para reduzir as emissões em até 43% até 2030. Al Jaber convoca líderes dos setores público e privado a participarem da COP28 com compromissos reais e exequíveis em relação às mudanças climáticas.
“Nós precisamos descarbonizar rapidamente e simultaneamente os lados da oferta e da demanda do sistema energético. Temos que triplicar as energias renováveis até 2023, comercializar outras soluções de carbono zero, como o hidrogênio, e aumentar a escala do sistema energético, libertando-o dos combustíveis fósseis ininterruptos, ao mesmo tempo que eliminamos as emissões das energias que utilizamos atualmente”, afirma o presidente designado para a COP 28.
Fluxos financeiros
Stela Herschmann, especialista em política climática do Observatório do Clima, ressalta que o financiamento climático e a necessidade de aumentar os fluxos financeiros é hoje a principal fonte de atrito entre países desenvolvidos e em desenvolvimento nas negociações climáticas.
“O relatório endossa conclusões que nem todos os países, principalmente os em desenvolvimento, devem concordar, como por exemplo a ideia de que que o setor privado deve vir como a principal fonte de capital para esse aumento”, comenta.
A especialista destaca ainda que é preciso responder à altura do desafio de manter a meta de 1.5ºC com cortes de emissões mais profundos e rápidos. “Uma das premissas para que isso aconteça é que o mundo deixe de financiar sua sentença de morte e redirecione trilhões de dólares para as soluções e adaptações necessárias”, afirma Stela Herschmann.
Mais informações
- Synthesis Report of the Technical Dialogue of the first global stocktake
- why the global stocktake is a critical moment for climate action
Sobre a UNFCCC – Com 198 integrantes, o United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC) tem uma adesão quase universal e é o tratado-mãe do Acordo de Paris sobre Alterações Climáticas de 2015. O principal objetivo do Acordo de Paris é manter o aumento da temperatura média global neste século bem abaixo dos 2 graus Celsius e envidar esforços para limitar ainda mais o aumento da temperatura a 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. A UNFCCC é também o tratado-mãe do Protocolo de Quioto de 1997. O objetivo final de todos os acordos celebrados no âmbito da UNFCCC é estabilizar as concentrações de gases com efeito de estufa na atmosfera a um nível que evite uma interferência humana perigosa no sistema climático, num período de tempo que permita uma adaptação natural dos ecossistemas e um desenvolvimento sustentável.
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