Pacto Global da ONU conclama empresas a manter floresta em pé

  • Movimento Impacto Amazônia, lançado na sede das Nações Unidas em Nova York (EUA), propõe participação ativa da iniciativa privada em ações coletivas e soluções inovadoras para combater o desmatamento e preservar a região.
  • Objetivos são garantir a preservação da maior floresta tropical do mundo, proteger o clima global e promover o desenvolvimento sustentável das comunidades locais.
  • Imagem: Camila Valverde, COO e Diretora de Impacto do Pacto Global da ONU no Brasil. Crédito: AMG Agency

O Pacto Global da ONU no Brasil anunciou durante o SDGs in Brazil, evento da rede brasileira que ocorre na sede das Nações Unidas em Nova York, o lançamento do Movimento Impacto Amazônia. A iniciativa tem como objetivo engajar as empresas dos setores público e privado para alavancar o desenvolvimento sustentável da Amazônia, de olho no alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. A Eletrobras e a Ambipar são as embaixadoras do novo movimento.

Para o CEO do Pacto Global da ONU no Brasil, Carlo Pereira, estamos num momento decisivo de transição para a economia verde e é necessário reunir todos os atores da sociedade civil, setor privado e governo em torno dessa pauta fundamental para o Brasil e o mundo.

Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil

“Agir agora é fundamental. Faz parte do nosso mandato como Pacto Global trazer as empresas para assumir compromissos também na Amazônia.”
Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil

O Impacto Amazônia é o primeiro Movimento do Pacto Global da ONU no Brasil que tem o foco em uma região. Possui a ambição de mover o setor empresarial brasileiro para combater o desmatamento e a manter a floresta em pé, contribuindo com ações individuais, setoriais e intersetoriais para o alcance de vários ODS como 13 – Ação Climática; 12 – Consumo e Produção Responsáveis; 15 – Proteger a Vida Terrestre. ODS 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável dentre outros.

Ação articulada

Camila Valverde, COO e Diretora de Impacto do Pacto Global da ONU no Brasil., acredita que o Pacto Global tem um potencial enorme para trabalhar de forma articulada com as organizações de setores-chave que operam na Amazônia, como o de mineração, proteína animal, soja, energia, cosméticos e financeiro, que é transversal a todos.

Para Rafael Tello, diretor de Sustentabilidade da Ambipar Group, cuidar da Amazônia e desenvolver uma economia verde na região é parte fundamental da ambição da empresa de liderar uma economia circular e de baixo carbono.

“Entendemos os desafios e estamos muito confiantes de que o movimento terá os recursos necessários para lidar com os obstáculos de promover o desenvolvimento da região e levar dignidade para as pessoas, mantendo a floresta em pé e aproveitando os recursos de forma responsável, preservando sua biodiversidade, serviços ambientais e ecossistêmicos.”
Rafael Tello, diretor de Sustentabilidade da Ambipar Group

Outra empresa embaixadora do Impacto Amazônia, a Eletrobras é mais uma organização que se engaja nessa nova iniciativa da estratégia Ambição 2030. “A Eletrobras já desempenhava um papel relevante no Movimento Transparência 100% e agora somos os embaixadores do Impacto Amazônia. Para nós, é uma prioridade estarmos de mãos dadas com o Pacto Global da ONU, a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo”, afirma Camila Araújo, vice-presidente de Governança, Riscos e Compliance e diretora de Sustentabilidade da Eletrobras.

Além do setor privado, o Pacto Global já contatou organizações da sociedade civil e firmou parceria com o Ministério Público Federal para formar os grupos de trabalho que vão ajudar a desenvolver soluções para os problemas críticos da Amazônia. A estratégia de engajamento e de desenvolvimento de ações contempla dois pilares:

1) Enfrentando o Desmatamento

1.A – Pacto Setorial: Estabelecer uma ação coletiva com setores-chave (acima citados) operando na Amazônia brasileira, a fim de combater o desmatamento, alinhar as práticas empresariais e das cadeias produtivas rumo à conformidade com as legislações ambientais e desenvolver um plano de ação com compromisso setorial de uso do solo dentro desta estratégia conjunta.
 

1.B – Devida Diligência em Desmatamento: Desenvolver e Implementar uma ferramenta para que as empresas, especialmente as empresas de fora da Amazônia legal, de diferentes setores identifiquem seu estágio de maturidade em relação ao compromisso e combate ao desmatamento da Amazônia brasileira.

Uma pesquisa recente do World Resources Institute mostrou que 82% dos danos ambientais do bioma são oriundos de demandas e ofertas de empresas que não estão na Amazônia. A ferramenta Devida Diligência e Ação vai monitorar o grau de maturidade que a empresa tem referente aos seus riscos ambientais e sociais, mesmo que ela não esteja inserida no bioma, permitindo assim que tenha um comprometimento com a sua cadeia de valor no combate ao desmatamento ou com questões socioambientais graves na Amazônia.
 

2) Floresta em Pé

2.A – Bioeconomia: Apoiar e desenvolver projetos de bioeconomia que apoiem e articulem grupos produtivos nas comunidades amazônicas, identificando os gargalos da implementação de novos negócios que valorizem a sociobiodiversidade, fomentando o desenvolvimento sustentável da região e conferindo especial atenção a povos e comunidades indígenas e tradicionais.
 

2.B – Povos e comunidades originárias: Desenvolver e fortalecer as organizações dos povos originários através da escuta, co-construção e ações que promovam o protagonismo da população local.  Camila Valverde explica que, dada a complexidade do contexto socioambiental e econômico que envolve o bioma Amazônico, não há uma solução única, mas é fundamental valorizar, aprender e reconhecer a atuação dos povos indígenas no seu território.

O estudo do ISA (Instituto Socioambiental) de 2022 revelou que as terras indígenas e as reservas extrativistas apresentaram melhor performance na proteção das florestas quando comparadas inclusive com Unidades de Conservação de proteção integral ou Áreas de Proteção Ambiental (APAs).

Os territórios de ocupação tradicional também funcionam como barreiras contra o desmatamento. “O Movimento Impacto Amazônia vai trabalhar em prol do fortalecimento dos povos originários de forma respeitosa e dando a eles o seu devido protagonismo na estratégia de atuação”, afirma Camila.

Como as empresas podem participar

As empresas que aderirem ao Movimento assumem o compromisso de, até 2030, implementar iniciativas e projetos que assegurem que a operação e a cadeia de valor da companhia não contribuam com o desmatamento e promovam ações para manter a floresta em pé. As companhias que tiverem interesse em participar do Movimento já podem se cadastrar pelo Link . 

O Impacto Amazônia é o nono Movimento do Ambição 2030, estratégia criada para tratar dos ODS prioritários ligados às questões mais urgentes do Brasil. Os outros oito movimentos são: Mente em Foco, Raça é Prioridade, Elas Lideram 2030, Salário Digno, Ambição NetZero, Transparência 100%, +Água e Conexão Circular.

O evento SDGs in Brazil, realizado às vésperas da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, contou com mais de 300 convidados, entre altas lideranças dos setores público e privado, representantes de organizações, formadores de opinião globais e líderes internacionais do Pacto Global, entre outros, para debater o avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS, SDG em inglês) por meio de iniciativas de empresas, além de outros temas ligados à Agenda 2030, como direitos humanos, meio ambiente e governança.

Sobre o Pacto Global da ONU – Como uma iniciativa especial do Secretário-Geral da ONU, o Pacto Global das Nações Unidas é uma convocação para que as empresas de todo o mundo alinhem suas operações e estratégias a dez princípios universais nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção. Lançado em 2000, o Pacto Global orienta e apoia a comunidade empresarial global no avanço das metas e valores da ONU por meio de práticas corporativas responsáveis. Com mais de 21 mil participantes distribuídos em 65 redes locais, reúne 18 mil empresas e 3.800 organizações não-empresariais baseadas em 101 países, sendo a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, com abrangência e engajamento em 162 países.
 

Pacto Global da ONU no Brasil – O Pacto Global da ONU no Brasil foi criado em 2003, e hoje é a segunda maior rede local do mundo, com mais de 1.900 participantes. Os mais de 50 projetos conduzidos no país abrangem, principalmente, os temas: Água e Saneamento, Alimentos e Agricultura, Energia e Clima, Direitos Humanos e Trabalho, Anticorrupção, Engajamento e Comunicação. 

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