Avançam iniciativas sobre carne cultivada

  • De acordo com a GFI Brasil, pesquisas para o desenvolvimento de carne cultivada avançaram no mês de abril ao redor do mundo;
  • Há iniciativas na Austrália, Reino Unido e Israel. No Brasil, destaque para pesquisas em universidades do Paraná e as realizadas pela Embrapa Suínos e Aves;
  • Empresas e grupos de pesquisa buscam caminhos para o cultivo de carne em escala industrial e, assim, oferecer esta opção ao consumidor.

A ONG Good Food Institute Brasil (GFI) divulga as diversas inciativas para o desenvolvimento de carne cultivada ao redor do mundo, destacando os avanços verificados em abril. No início do mês, a empresa australiana Vow conseguiu recriar carne de mamute em laboratório. Foi utilizado o código genético do animal extinto e amostras do elefante africano, seu parente mais próximo.

O experimento não foi feito com o objetivo de produzir alimento, para sim para alertar sobre como a produção e o consumo de carne têm agravado os efeitos da crise climática e contribuído para a extinção de animais. A ação também apresenta a carne cultivada como uma alternativa sustentável à pecuária convencional.

No Reino Unido foram anunciados investimentos na ordem de £13 milhões em um centro de pesquisa para produzir carne cultivada e produtos fermentados. O novo Centro de Agricultura Celular vai ajudar cientistas e empresas britânicas a produzirem carne cultivada em escala e a desenvolver alimentos (como óleo de palma) por meio da fermentação de precisão.

A Aleph Farms, startup de carne cultivada israelense, anunciou sua primeira marca de produtos, a Aleph Cuts, e seu primeiro produto, o Petit Steak, criado a partir de células não modificadas de uma vaca Angus premium. O lançamento está previsto para Singapura e Israel ainda esse ano, dependendo de aprovações regulatórias.

Além disso, a StakeHolder Foods, empresa israelense de carne cultivada, divulgou a criação de primeiro produto de peixe cultivado bioimpresso em 3D do mundo. O protótipo mais recente é um filé de garoupa pronto para cozinhar, impresso com bio-tintas personalizadas usando células de garoupa fornecidas pela Umami Meats.

Novidades no Brasil

Laboratório Zoocel

O Governo do Paraná vai investir R$5.7 milhões no desenvolvimento de carne cultivada. O recurso, destinado por meio da Fundação Araucária, será executado pelas Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Estadual de Maringá (UEM) e PUCPR por meio do projeto Novo arranjo de Pesquisa e Inovação em Proteínas Alternativas.

O dinheiro será destinado à UFPR para a instalação dos Laboratórios de Zootecnia Celular (Zoocel) e de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, aquisição de equipamentos, e para o fortalecimento de outras equipes e laboratórios parceiros da PUCPR e da UEM. O investimento paranaense soma-se ao recém anunciado investimento federal de R$2,48 milhões para um projeto de linguiça híbrida (vegetal + cultivada) da Embrapa.

O GFI vem financiando pesquisas para o desenvolvimento de carne cultivado, entre elas o estudo da Dra. Vivian Feddern, da Embrapa Suínos e Aves. Até 2024 a equipe deve apresentar um protótipo de filé de peito e um biobanco de células cultivadas para diferentes propósitos.

Você sabe o que é carne cultivada?

Em primeiro lugar, é importante saber que carne cultivada é proteína animal, composta pelos mesmos tipos de células dispostas na estrutura tridimensional do tecido muscular animal, segundo informações do GFI. ” Por isso, ela é capaz de replicar o perfil sensorial e nutricional da carne que o consumidor já conhece. A diferença está na produção, que acontece em biorreatores em ambiente fabril, sem a necessidade de criar ou abater animais.”

Fonte: GFI Brasil/ Porto & Berti (2022)

Ainda segundo a GFI, “a mudança no processo produtivo soluciona diversos problemas da cadeia de produção convencional, como a redução do uso de terra, do consumo de água, das emissões de CO2 e a eliminação do uso de antibióticos e outros produtos veterinários para tratamento dos animais. A carne cultivada é livre de componentes não comestíveis, o que não apenas reduz o tempo de produção, mas também a quantidade de nutrientes necessária para produzir cada quilograma de carne.”

Fonte: Newsletter GFI Brasil

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