- Na abertura da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas (19/09), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi aplaudido sete vezes, a primeira delas quando disse que “o Brasil está de volta”;
- Disse que 87% da nossa energia elétrica provem de fontes limpas e renováveis e informou os alertas de desmatamento na Amazônia caíram 48%;
- Alertou que a maior parte dos objetivos de desenvolvimento sustentável caminha em ritmo lento. e que a Agenda 2030 pode se transformar no maior fracasso da ação coletiva da ONU.
- Imagem: Discurso de Lula na ONU/ CanalGov no Youtube.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu discurso de abertura da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira (19/09), foi aplaudido sete vezes. A primeira foi quando disse “o Brasil está de volta”. Numa fala de cerca de 21 minutos, abordou meio ambiente, desigualdades, a responsabilidade dos países ricos, defendeu a democracia. Fez também um alerta para a morosidade para implementação dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e o risco de fracasso da Agenda 2030, ação coletiva da ONU.
Apontou a desigualdade como um grande desafio mundial e mencionou que as populações do Sul Global são as mais afetadas com perdas e danos causados pela mudança de clima.
Os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por quase a metade de todo o carbono lançado na atmosfera. Nós, países em desenvolvimento, não queremos repetir esse modelo.”
Luiz Inácio Lula da Silva
No Brasil, 87% da matriz energética é formada por fontes limpas e renováveis, considerando o crescimento da geração de energia solar, eólica, biomassa, etanol e biodiesel, além do potencial de produção do hidrogênio verde. Sobre o meio ambiente, foi bem recebida a informação de que o desmatamento da Amazônia foi reduzido em 48% nos últimos oito meses.
“Sediamos, há um mês, a Cúpula de Belém, no coração da Amazônia, e lançamos nova agenda de colaboração entre os países que fazem parte daquele bioma. Somos 50 milhões de sul-americanos amazônidas, cujo futuro depende da ação decisiva e coordenada dos países que detêm soberania sobre os territórios da região.”
Luiz Inácio Lula da Silva
Olhando para a COP 28, que será realizada em novembro em Dubai, adiantou que quer chegar ao evento com uma visão conjunta que reflita as prioridades de preservação das bacias Amazônica, do Congo e do Bornéu-Mekong.
Repercussão: sem fortes emoções
O discurso do presidente Lula foi considerado morno, mas correto. Isso foi positivo, segundo o Observatório do Clima, depois de quatro anos de sobressaltos.
“Para a agenda de clima, foi um discurso esperado, dado o que o governo vem fazendo e os compromissos que vem assumindo. Mas, para a imagem do país, foi um discurso revolucionário, se comparado à vergonha que passávamos quando o presidente anterior usava a mesma tribuna”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
Resta agora enfrentar as contradições dentro de casa: a insistência do próprio Lula em sua versão “herói do clima” em explorar petróleo da Amazônia; a resistência de seu próprio partido à agenda verde; e um Congresso poderoso e reacionário que corre para aprovar projetos de lei como o marco temporal, a anistia à grilagem e o fim do licenciamento, que têm potencial de tornar o discurso ambientalista do presidente muito difícil de implementar. “Espero que os presidentes da Câmara e do Senado, presentes e Nova York, tenham aprendido alguma coisa nessa viagem e parem com a sanha antiambiental que impera hoje no Parlamento”, disse Astrini.