Você sabe o que é etnoturismo?

Aldeia Shanenawa, no Acre
  • Etnoturismo é o tipo de turismo sustentável em que os viajantes conhecem de perto a vida, os costumes e a cultura de um determinado povo, especialmente povos indígenas, segundo o Wikipedia
  • O negócio é um caminho para sustentar financeiramente as aldeias, além de conscientizar a sociedade sobre a realidade dos povos originários. e a convivência com a natureza.
  • Imagem: Tribo Shanenawa, no Acre, conhecido como o povo do pássaro azul.

Já pensou em realizar uma expedição em que você tem contato direto com a vida, cultura, saberes, medicinas tradicionais e outros aspectos de um determinado povo indígena brasileiro? O Etnoturismo é uma opção de turismo sustentável e de impacto, não só para quem o realiza, mas também para os moradores da região, que recebem os grupos e obtêm uma fonte de renda significativa. A expedição também desperta a preocupação socioambiental, preservando a biodiversidade local, o modo de vida e saberes ancestrais.

Em geral, as aldeias indígenas que atuam com este tipo de prática oferecem serviços de estadia, alimentação, diversas oficinas e vivências para aproximar os visitantes de seu modo de vida. É realizado um intercâmbio entre pessoas que muitas vezes têm rotinas radicalmente diferentes do apresentado, o que potencializa as trocas realizadas. A venda de artesanato movimenta a economia local e traz inúmeros benefícios para as famílias.

Guardiões dos biomas

Moradores de Unidades de Conservação e Terras Indígenas, cada vez mais pressionados por forças de desmatamento, atividades garimpeiras ou até mesmo pelo avanço das cidades, precisam, continuamente, atuar na mobilização, conscientização e divulgação de acontecimentos do seu dia a dia para que sigam  como os guardiões dos nossos biomas. E é aí, mais uma vez, que vivenciar experiências em tais locais gera impactos positivos para seus moradores que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), detêm cerca de 11% do território brasileiro. 

O Cacique Teka Shanenawa, do povo Shanenawa do Acre, afirma que o turismo sustentável na aldeia Shanenawa tem trazido muito aprendizado, conhecimento e ajuda financeira para dar oportunidade às pessoas da aldeia realizarem cursos, graduações e capacitações e, posteriormente, que os conhecimentos sejam aplicados internamente.

Cacique Teka Shanenawa

“O turismo vem ajudando nas dificuldades que temos, inclusive está contribuindo com a faculdade das minhas duas filhas. Isso tem sido uma porta aberta para vender nossos artesanatos, mostrar nossa cultura e provar que não somos menos do que qualquer outra cultura ou povo brasileiro. Nunca na nossa história havíamos tido essa oportunidade.”

Cacique Teka Shanenawa, do povo Shanenawa do Acre

Quando realizado de forma responsável e com cuidados socioambientais, o turismo é também uma ação de resistência, pois aproxima a população não-indígena dos povos originários, de sua cultura, espiritualidade e saberes ancestrais, valorizando-os, ajudando a protegê-los e quebrando preconceitos ou estereótipos, além de ajudar a manter as terras nas mãos de seus donos originais e provando seu uso sustentável.

Boas práticas para o etnoturismo

A Vivalá, especializada em turismo sustentável no Brasil, ressalta que imergir numa cultura pode ser impactante e bastante diferente das vivências em centros urbanos. Há algumas dicas, que tendem a facilitar a experiência:

  • Regras: Terras indígenas possuem algumas regras específicas, como não consumir bebida alcoólica; não fazer barulho excessivo para não perturbar a fauna; não marcar nomes ou sinais em árvores, pedras, placas ou qualquer outro bem natural ou do parque; não recolher pedras, conchas, flores e todos outros itens como lembrancinhas, mas deixar tudo no local. 
  • Registros: Vídeos e fotos são bem-vindos, mas acompanhados de bom senso. Não tire fotos de crianças desacompanhadas ou sem seu consentimento, assim como pessoas com corpos expostos ou em situações que possam gerar constrangimento.
  • Pesquisa: Conhecer uma aldeia índigena, mesmo que dentro de seu país, é um aprendizado e provoca choque cultural. Busque aprender sobre aquela comunidade antes da visita e dê preferência para palavras e termos apropriados. Como maneira de reforçar a pauta indígena, com boas formas de comunicação, a Articulação dos Povos Indígenas no Brasil (APIB) disponibilizou um conteúdo informativo

Expedições sustentáveis

Há diversas maneiras de conhecer aldeias indígenas de forma sustentável e com experiências imersivas, evitando o turismo predatório, superficial e estereotipado. O Ministério do Turismo tem promovido iniciativas para incentivar a prática do etnoturismo e indica alguns destinos, como a Reserva Indígena Pataxó da Jaqueira, em Porto Seguro (BA), e a Comunidade Indígena Raposa 1, em Roraima. Também é possível usar os serviços de agências específicas, como a Vivalá.

Conheça algumas expedições criadas em parceria com povos indígenas brasileiros:

Terra Indígena Katukina Kaxinawá, Acre

    Aldeia Shanenawa, no Acre

    No coração da maior floresta do mundo, a Amazônia, e dentro de um dos estados com a maior diversidade de povos indígenas do Brasil, se encontra a Aldeia Shanenawa, do povo Shanenawa, conhecido como povo do pássaro azul. Neste lugar repleto de fauna e flora, com tradições muito preservadas e grande acolhimento de seus moradores, a vivência atrai viajantes do mundo inteiro, que buscam uma profunda conexão com a natureza e consigo mesmo, além de aprendizados e novas formas de ver o mundo.

    Com oito saídas exclusivas ao longo do ano e 20 vagas disponíveis em cada uma, as expedições da Vivalá partem de Rio Branco, capital do Acre, e tem  valores de investimento a partir de R$ 5.225 para 8 dias de vivência, incluindo as hospedagens, transportes, alimentação, oficinas, vivências como banhos ritualísticos de ervas e de argila, pintura corporal, consagração de medicinas da floresta (ayahuasca, chamado de Uni pelos Shanenawa; rapé, sananga, kambo), visita à agrofloresta, plantio de árvores, muita música e danças tradicionais, seguro, guias e facilitadores.

    “Essa viagem foi uma das experiências mais profundas da minha vida, onde pude viver intensamente a cultura do povo Shanenawa. É uma experiência interna e externa, onde renasci para tudo aquilo que importa e de que talvez eu estivesse desconectada por conta de tanto ruído que a cidade traz. Vivi um processo de cura emocional e psicológica muito importante também. Externamente, viver o dia a dia, o contato com a floresta, trocar conversas, ingerir  alimentos orgânicos, brincar com as crianças, tomar banho de açude e consagrar as medicinas indígenas com tanto cuidado e respeito foi um marco pra mim. E mudou tudo! Fazer essa viagem é saber que nada mais na vida será como antes (e que bom!). O povo Shanenawa virou família pra mim.”

    Gabriela Sevilla, que participou de experiência na Amazônia

      Terra Indígena Kariri-Xocó, Alagoas 

        Kariri-Chocó, em Alagoas

        Outra forma de adentrar territórios indígenas de maneira consciente, autorizada e profunda é no encontro da Caatinga com a Mata Atlântica, às margens do Rio São Francisco e na divisa de Alagoas com Sergipe, onde habita o povo Kariri-Xocó. A expedição é repleta de muita natureza e saberes ancestrais. Grande parte das vivências acontecem no espaço cultural criado pela comunidade, inclusive o ritual do Toré, – uma consagração de medicinas tradicionais da floresta, como a Jurema e o rapé -, banhos ritualísticos, oficina de ervas, danças, músicas e navegação com mergulho no Velho Chico. 

        Um dos desenvolvedores do roteiro, Guilherme Cipullo, da Vivalá – Turismo Sustentável no Brasil, destaca o sentimento de ser acolhido por esse povo. “Desde o primeiro momento com o povo Kariri-Xocó, senti uma alegria imensa. Foram dias de paz e contato com a natureza, onde pude desacelerar o ritmo corrido do dia a dia e me sentir plenamente presente e conectado a algo maior. As cerimônias e oficinas são sempre acompanhadas da música tradicional (o Toré), a comida é ótima e o banho no Velho Chico é uma limpeza de corpo, mente e espírito”. 

        As duas primeiras expedições, nos feriados de setembro e outubro de 2023, já estão com todas as vagas vendidas, sendo que o roteiro de estreia foi esgotado em 24h. Com saídas de Aracaju (SE) e valor a partir de R$ 2.500, a Vivalá realizará mais duas expedições este ano, nos feriados de Dia dos Finados e réveillon, ambas com menos de dez vagas disponíveis. 

        Terra Indígena Tenondé-Porã, São Paulo

          Aldeia Tenondé-Porã, em São Paulo

          A expedição para a Terra Indígena Tenondé-Porã pode ser organizada diretamente com as oito aldeias que as compõem, onde vivem 1,5 mil indígenas do povo Guarani. A terra indígena Tenondé Porã tem uma extensão aproximada de 16 mil hectares, abrangendo cerca de 10% da totalidade da cidade de São Paulo e de outros três municípios.

          É possível caminhar pelas exuberantes trilhas do território e vivenciar o nhanderekó (modo de ser) do povo originário que vive e resiste nas fronteiras da maior metrópole do Brasil. A experiência pode ser realizada em um único dia e é excelente para quem está na capital paulista e quer ter uma vivência junto à natureza, mergulhando nos seus saberes ancestrais. 

          Na Vivalá, os roteiros acontecem quatro vezes ao mês, tendo opções de Turismo de Base Comunitária (TBC) com foco na cultura local ou de aventura, em uma trilha de 8,5 km entre as aldeias Kalipety e YrechakãLocalizada a 55 km do centro de São Paulo, as vivências de cerca de 12 horas contam com transporte saindo da capital, com valores a partir de R$ 250 por pessoa. As Expedições de estreia acontecem nos dias 16 e 17 de setembro e 7 e 8 de outubro, com 30 vagas disponíveis em cada uma.

          Abrir a mente e o coração

          Independentemente da expedição ou da comunidade indígena escolhida para se aprofundar em uma nova cultura e estilo de vida, é importante que o viajante esteja completamente aberto, de alma e coração. Segundo Daniel Cabrera, cofundador e diretor-executivo da Vivalá, as comunidades tradicionais, de forma geral, e os povos indígenas, em particular, são os verdadeiros donos das terras e os maiores guardiões dos biomas e biodiversidade.

          “Ao se conectarem com a sabedoria ancestral dos povos originários, observamos que os viajantes são transformados de diferentes formas: quebram preconceitos, renovam as energias e encontram extremo bem-estar no contato direto com a natureza. Além disso, aprendem a história do país através de uma perspectiva diferente, desta vez, na visão dos povos originários. Com isso,  repensam o que aprenderam, tanto sobre sua relação com a natureza quanto sua própria vida. Essas vivências são muito especiais e realmente transformam a gente.”

          Daniel Cabrera, cofundador e diretor-executivo da Vivalá

          Toda forma de turismo possui e gera impactos, sejam eles positivos ou negativos, por isso, busque por empresas de turismo sustentável e que tenham uma verdadeira preocupação com todos os envolvidos: os viajantes, as comunidades e o planeta. 

          Sobre a Vivalá – Referência em Turismo Sustentável do Brasil, atua com ESG desde 2016 e realiza expedições profundas em áreas protegidas e regiões metropolitanas brasileiras, sempre unindo a preservação ambiental dos biomas do país à troca cultural com comunidades tradicionais indígenas, ribeirinhas, quilombolas, sertanejas e entre diversos grupos sociais. A Vivalá recebeu 13 prêmios e reconhecimentos nacionais e internacionais importantes em sua trajetória, sendo convidada para compor a rede Young Leaders of America do Departamento de Estado Americano, premiada dois anos consecutivos como uma das organizações mais sustentáveis do Brasil pela ONU, Organização Mundial do Turismo e Braztoa, além de ter sido escolhida pela Embratur, Fundação Grupo Boticário, Aceleradora 100+ da Ambev e PPA, e iniciativa global da Yunus & Youth para fazer parte de seus programas de aceleração para negócios de impacto socioambiental.

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