Olimpíadas verdes: rumo a um legado sustentável

Tatiana Fasolari, vice-presidente da Fast Engenharia

A menos de cem dias para os Jogos Olímpicos de Paris, a competição que trouxe para si o lema “os jogos mais verdes de todos os tempos” tem a árdua tarefa de se adequar a uma cartela de regras planejadas pelo Comitê Olímpico Internacional, com o objetivo de reduzir o impacto de carbono.  

Com o propósito de alcançar a emissão de 1,58 milhão de toneladas de CO2, metade das 3,5 milhões de toneladas que foram emitidas nas edições Londres (2012) e Rio (2016), o Comitê de Organização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos (COJO) dividiu a emissão de gases em três grandes grupos: transporte (com 25% do total proveniente das viagens dos espectadores), construção (25% do total destinado a estruturas permanentes) e operações (alojamento, segurança, catering, entre outros).

A organização também buscou priorizar uma série de iniciativas, como a instalação de painéis solares no Rio Sena e a expansão das ciclovias para promover a mobilidade verde. Este último é o meio de transporte utilizado por 11,2% dos moradores para deslocamentos diários, segundo o Instituto Paris Região (IPR). Além disso, 95% dos locais que receberão o evento são edifícios antigos ou estruturas temporárias, incluindo uma piscina construída para os Jogos Olímpicos de Paris de 1924. 

Estruturas provisórias

O uso de estruturas provisórias em eventos esportivos de grande porte vem se tornando cada vez mais comum, já que a iniciativa busca uma solução inteligente e altamente sustentável, em que é possível reutilizar quase todo o material reduzindo o custo na construção e, principalmente, na manutenção após o evento. 

Desta forma, locais históricos e turísticos – como a Torre Eiffel, os jardins do Trocadéro, o Champ-de-Mars, Esplanade des Invalides, Ponte Alexandre III, Place de la Concorde e o Hôtel de Ville – terão a chance de receber competições. Estas iniciativas aumentam a conscientização sobre questões ambientais e também demonstram o compromisso com a inovação e a responsabilidade corporativa.

A capacidade de montar e desmontar estruturas em pouco tempo permite uma logística mais rápida, que reduz interrupções e garante que os eventos ocorram conforme o estipulado. Com a popularização das estruturas provisórias, é possível que haja equilíbrio entre os ambientes urbanos que estejam de acordo com as necessidades populacionais, com o objetivo de não construir áreas que no futuro estarão em desuso , os chamados “elefantes brancos”.

A construção civil é responsável por 37% do consumo da energia operacional global e de emissão de CO2 no mundo, segundo o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA) e pela Aliança Global para Edifícios e Construção. O uso das estruturas provisórias representa uma evolução tecnológica sustentável. Este é o futuro do setor que tem a finalidade de equilibrar os ambientes modernos em que vivemos, em conjunto com as necessidades sustentáveis atuais.

* Tatiana Fasolari é vice-presidente da Fast Engenharia

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