- Pesquisa inédita identificou que a demanda por profissionais especializados começa nas áreas de engenharia, economia, regulação e legislação;
- SENAI abre primeiras turmas no Brasil para instalador, mantenedor e operador, além de uma pós-graduação;
- União Europeia estima a criação de 5,4 milhões de empregos até 2050 voltados para o mercado de hidrogênio verde
A transição para uma economia de baixo carbono já demonstra impactos no mercado de trabalho. Prova disso é o estudo inédito intitulado Mercado de hidrogênio verde e power to X: demanda por capacitações profissionais, que mapeou profissões para atuar na cadeia de hidrogênio verde (H2V) no Brasil. O levantamento foi apresentado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) em parceria com o projeto H2Brasil, que integra a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável e é implementado pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, como parte dos esforços de apoiar a expansão do mercado de H2V no país.
Os autores concluíram que os profissionais aptos a atuar na cadeia de hidrogênio verde no Brasil são engenheiros das mais diversas especialidades (mecânica, química, ambiental e de produção), economistas com experiência em planejamento e gestão, especialistas em regulação e legislação, além de profissionais de nível técnico de perfis já consolidados (como eletrotécnica, mecânica, química e outros) que recebam formação específica em H2V.
“O estudo, baseado em experiências internacionais, é fundamental para identificar e validar as demandas no Brasil, ajudando na formação dos profissionais necessários para o desenvolvimento da indústria de Hidrogênio Verde e PtX no país”, afirma Markus Francke, diretor do projeto H2Brasil.
Em 2022, o SENAI elaborou o itinerário formativo — percurso de formação dentro de uma área — com cinco cursos, que vão da instalação à operação e manutenção dos sistemas para produção do hidrogênio.
No segundo semestre deste ano, será lançada a primeira pós-graduação em Hidrogênio Verde e PtX da rede, pelo SENAI CIMATEC, na Bahia, juntamente com um centro de excelência localizado no Rio Grande do Norte e mais cinco laboratórios regionais (Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Bahia e Ceará) voltados para a educação profissional e superior nesse novo setor.
“Teremos um primeiro movimento, de especialização de quem tem nível superior nas áreas que vão atuar com pesquisa, com o desenvolvimento da tecnologia e a regulação. O segundo movimento é para instalação e operação das plantas, que vai requerer profissionais de nível técnico. Não teremos um curso técnico de hidrogênio verde, mas uma especialização, para que uma pessoa formada em eletrotécnica, por exemplo, seja especializada na temática”, exemplifica o superintendente de Educação Profissional e Superior do SENAI, Felipe Morgado.
Morgado destaca que a instituição já formou os docentes, desenhou o portfólio e os currículos dos cursos e está finalizando a infraestrutura para formar a mão de obra especializada, em parceria com o governo alemão. Os cursos na área de hidrogênio verde terão matrículas abertas pelo Futuro Digital:
- Instalador de Sistemas de Eletrólise de Usinas de Produção de Hidrogênio Verde;
- Mantenedor de Sistemas de Eletrólise de Usinas de Produção de Hidrogênio Verde;
- Operador de Logística de Transporte de Gases;
- Especialista Técnico em Operação de Usinas de Produção de Hidrogênio Verde;
- Especialista em Sistemas de Hidrogênio Verde (Pós-graduação).
Confira a seguir a relação de profissões que deverão atuar no mercado de H2V:
Metodologia
O estudo da demanda de profissionais com atuação na cadeia do hidrogênio verde é resultado de entrevistas e questionários aplicados com mais de 200 pessoas do setor. A cadeia de hidrogênio verde considerada no levantamento inclui matérias-primas, subprodutos, processos e tecnologias relacionados à produção, à distribuição, ao armazenamento e ao uso do H2V em setores energéticos, industriais e de transporte.
O estudo se baseia no mercado de trabalho nacional e internacional de H2V; e o objetivo foi mapear as lacunas de conhecimento na área e sugerir a formação de competências profissionais no Brasil, tais como técnicos, gestores, reguladores e outros agentes-chave para o desenvolvimento da economia de hidrogênio verde no país.
Potencial do H2V e PtX brasileiro
Devido à disponibilidade de vento e sol, o Brasil é considerado um dos países com maior potencial de geração de energia elétrica renovável do mundo e, portanto, oferece excelentes condições de produção de hidrogênio verde (H2V) e PtX. O power-to-x é o processo de conversão de energia elétrica (power) para outro vetor energético (x), nesse caso o H2V, a partir da eletrolise da água, além de outros produtos derivados do H2V, como Amônia Verde e Combustíveis Sintéticos. A transição energética justa engloba mudanças econômicas e sociais, abrangendo o crescimento de energias sustentáveis e a descentralização da matriz energética.
Nesse contexto, os profissionais que atuarão nesse mercado devem dominar: a estrutura geral de funcionamento do setor energético; conhecimento de mercado; arcabouço regulatório; ferramentas computacionais e capacidade analítica de dados, além de estar atento aos impactos da inteligência artificial no setor elétrico.
O Projeto H2Brasil
O projeto H2Brasil integra a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável e é implementado pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e pelo Ministério de Minas e Energia (MME) com apoio do Ministério Federal da Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha. O objetivo principal do H2Brasil é apoiar a expansão do mercado de hidrogênio verde no país, por meio de fomento à pesquisa, troca de informações entre universidades brasileiras e alemãs, promoção de projetos de inovação e novas tecnologias, estudos de certificação e regulamentação com foco no H2V e promoção de cursos de capacitação profissional.