Já existe no Brasil absorvente biodegradável

  • Marca Nua desenvolveu produto sustentável, vegano e hipoalergênico e promove movimento para menstruantes assumirem o controle de seus ciclos;
  • Venda é realizada por meio de um sistema de assinaturas personalizado para cada fluxo.
  • A cada unidade vendida, uma outra é doada a menstruantes em situação de vulnerabilidade. A ação é feita em parceria com o Projeto Luna.
As fundadoras, Isabelle Parik (esq.) e Clara Ibri, não encontravam absorventes sustentáveis no Brasil e criaram a Nua

Criada em 2020, a Nua nasceu a partir do desejo de duas mulheres que não encontravam absorventes sustentáveis no mercado brasileiro. Hoje, é a primeira do Brasil a contar com uma opção biodegradável, vegana e hipoalergênica, iniciando um movimento para que menstruantes assumam o controle de seus ciclos. A novidade chamou a atenção e a empresa recebeu em julho um aporte de quase R$ 1 milhão de um fundo focado em soluções ESG.

As fundadoras são a administradora Isabelle Parik e a advogada Clara Ibri, amigas de infância que tinham o desejo de empreender e enxergaram uma oportunidade enquanto trocavam experiências pessoais relacionadas ao ciclo menstrual.

Elas buscavam soluções sustentáveis para conter a menstruação, mas as alternativas disponíveis no mercado brasileiro, como o coletor e a calcinha absorvente, não atendiam às suas necessidades.

A partir de então, as empresárias começaram a estudar o tema para viabilizar a ideia. Além da questão sustentável – como o fato de um absorvente convencional levar 400 anos para se decompor, segundo o Instituto Akatu –, elas se depararam com a questão da saúde, já que a maioria dos produtos disponíveis têm componentes que podem fazer mal à saúde íntima das menstruantes.

“Unimos a sustentabilidade e a saúde ao pilar da praticidade para guiar nosso negócio. Durante a menstruação, cada pessoa passa por mudanças e tem demandas específicas que ainda não são atendidas, principalmente porque as grandes empresas do setor ainda são compostas majoritariamente por homens. Hoje, é a menstruante que se adapta à indústria e queremos fazer o movimento contrário”
Clara Ibri, uma das fundadoras da Nua

Por isso, as consumidoras foram colocadas no centro das decisões, resultando na criação do sistema de assinaturas, personalizado de acordo com cada fluxo. O absorvente é biodegradável, vegano, hipoalergênico, antibacteriano, com abas e sem componentes que podem fazer mal à saúde. Entre os diferenciais estão ser zero plástico e usar a fibra de bambu certificada, garantindo um absorvente suave, respirável e confortável. As opções convencionais disponíveis no mercado usam fibra de algodão e até 90% de plástico.

Faltam insumos no Brasil

Atualmente, o produto é importado da Índia, uma vez que as fábricas brasileiras não atendiam aos requisitos da Nua, sobretudo um sistema de produção responsável e uso de componentes biodegradáveis e seguros com comprovação científica. O investimento recebido neste ano será empregado justamente na pesquisa e no desenvolvimento de um produto próprio com o objetivo de nacionalizar a fabricação.

Outro pilar da empresa é o social: a cada venda, absorventes nua são doados a menstruantes em situação de vulnerabilidade. A ação é feita em parceria com o Projeto Luna, ONG que atua para combater a pobreza menstrual, situação em que a pessoa não tem acesso a banheiros, saneamento básico, água corrente e informação. Durante as entregas, a Nua também promove rodas de conversa para desmistificar tabus sobre a menstruação.

“Antes mesmo de começar a vender, sabíamos que tínhamos que incluir a questão social entre os nossos pilares. Seria muita negligência entrar nesse mercado e ignorar a pobreza menstrual. Conversamos com o Projeto Luna para entender a melhor maneira de fazermos isso e entendemos que a doação direta era o melhor caminho.”
Clara Ibri

“Somos uma marca de saúde menstrual, queremos ser vistas como amigas que as consumidoras podem contar. O Brasil ainda é um país conservador, onde as informações sobre o ciclo menstrual nem sempre chegam e, quando chegam, nem sempre estão corretas. Quem sofre com isso, podendo ter implicações sérias na saúde, são as menstruantes.”
Isabelle Parik, uma das fundadoras da Nua

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