Os recursos naturais da Terra estão se esgotando em um ritmo alarmante, mais especificamente a uma velocidade 1,8 maior do que a velocidade com que o planeta consegue reagir [1]. Até 2050, prevê-se que essa situação escale para até 2,3 vezes acima do sustentável [2]. Além disso, temos que somar os 50 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos gerados anualmente, equivalentes ao peso de todos os aviões comerciais já fabricados [3].
Apesar disso, ainda há tempo: a adoção de práticas comerciais circulares, como minimizar resíduos, reutilizar e regenerar produtos e promover a produção sustentável, ajudaria a construir um futuro melhor. No entanto, o caminho a percorrer é longo. Apenas 7,2% da economia global atual é circular [4].
Embora as empresas multinacionais tenham um papel vital a desempenhar, a circularidade pode ser adotada por organizações de todos os tamanhos e setores. Pequenas e médias empresas estão considerando os modelos circulares por meio do impulsionamento das plataformas compartilhadas e do consumo colaborativo.
Conquistar o consumidor responsável
Está claro que os consumidores estão mais conscientes sobre o meio ambiente. Consequentemente, as empresas que priorizam a circularidade conseguem cumprir as expectativas deles e obter benefícios ambientais e comerciais no longo prazo.
Ainda que normalmente exijam um investimento inicial, os programas de circularidade podem ajudar a reduzir os gastos, aumentar a eficiência e, inclusive, identificar novas fontes de receita. Contar com ferramentas de mensuração que indiquem a prevenção de geração de resíduos e a economia de custos pode mostrar-se vantajoso, fomentando ainda mais a confiança e a lealdade do cliente.
Levar o meio ambiente em conta
Os produtos circulares são pensados com o meio ambiente em mente, considerando o ciclo de vida desde sua concepção até o final de sua vida útil.
A inovação nas embalagens também está fazendo a diferença. Os materiais 100% feitos com compostos orgânicos e à base de quitina são um desenvolvimento recente, enquanto a impressão 3D em fibra moldada pode produzir embalagens ecológicas em larga escala. Além disso, os avanços na impressão, incluindo a impressão direta nas caixas de transporte e o uso de tintas à base de água, trazem benefícios adicionais.
Diminuir resíduos e prolongar a vida útil
O consumo de energia é um fator crucial nos dispositivos eletrônicos, mas pode ser confuso para os consumidores. Organizações como Energy Star, TCO e Blue Angel podem ajudar os consumidores a tomar decisões fundamentadas.
Oferecendo garantias estendidas e assegurando que os eletrônicos possam ser consertados, as empresas podem ajudar a reduzir a demanda por novas matérias-primas. As empresas responsáveis têm como objetivo recuperar e reutilizar os produtos quando os clientes não precisam mais deles. Os modelos de serviço podem melhorar as experiências do cliente, ao mesmo tempo em que promovem a circularidade mediante a recuperação administrada pela empresa.
A circularidade é um esforço coletivo, e fabricantes, governos, fornecedores e outras partes envolvidas são cruciais. Ao ampliar as redes de trabalho com organizações não governamentais e instituições de pesquisa, as empresas podem manter seus esforços de circularidade em dia.
Imaginar o futuro
O conceito de economia circular apresenta a visão de um futuro mais regenerativo e sustentável. Se implementado da forma correta, com suprimentos e embalagens responsáveis e com materiais e produtos que sejam usados por mais tempo, pode injetar 4,5 trilhões de dólares na economia global até 2030 [5].
A transição para a circularidade não é uma opção, e sim uma necessidade. Para que ela tenha sucesso, devemos urgentemente mudar de mentalidade, adotar práticas circulares e desenvolver as relações e os marcos de trabalho necessários. As empresas que abrirem esse caminho colherão as maiores recompensas.
O futuro é circular e depende das organizações de todo o mundo para acontecer. Independentemente de elas estarem começando ou de já estarem nesse caminho, este é o momento de dar o passo seguinte.
Adrián Ali, diretor geral da HP América Latina
Referências:
[1] How many Earths? How many countries? https://www.overshootday.org/how-many-earths-or-countries-do-we-need/
[2] Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável. (WBCSD). Visão 2050: A nova agenda para as empresas.
[3] Plataforma para Aceleração da Economia Circular (PACE) e Coalizão das Nações Unidas sobre Resíduos Eletrônicos (2019). Uma nova visão circular para a eletrônica: tempo de um reinício global.
[4] Relatório sobre a brecha de circularidade 2023. Economia circular.
[5] Fórum Econômico Mundial. ” Making the $4.5 trillion circular economy opportunity a reality”. https://www.weforum.org/impact/helping-the-circular-economy-become-a-reality/