- Com um ambiente mais limpo e agradável, Rio Pinheiros e suas margens se tornam mais atraentes para o público;
- Empresas investem na criação de novos espaços para revitalizar áreas antes inutilizadas pelas pessoas.
- Foto: Divulgação/Recoma
O Rio Pinheiros tem passado por um processo de revitalização na cidade de São Paulo. As pessoas que passeiam na ciclovia do Parque Bruno Covas, às margens do rio, deparam-se com um ambiente mais limpo e agradável, resultado de um processo de despoluição que começa em seus afluentes. Com este cenário promissor, empresas têm investido para valorizar locais que antes eram inutilizáveis para a população.
A Heineken, em parceria com a SOS Mata Atlântica, inaugurou um bar flutuante temporário no Rio Pinheiros. Esse tipo de ação se enquadra na plataforma Green Your City, que reúne uma série de iniciativas da empresa com o viés de cultura e sustentabilidade.
Em uma ativação parecida, a agência EA, juntamente com as Secretarias de Esportes e a do Meio Ambiente de São Paulo e da Sabesp, lançou uma balsa para receber apresentações de vários esportes olímpicos. A estrutura provisória, executada pela Recoma, empresa especializada em infraestrutura esportiva, recebeu jogos de vôlei, basquete, tênis e handebol durante a COB Expo, evento organizado pelo Comitê Olímpico do Brasil.
“Este é um projeto absolutamente inédito e inovador. É a valorização do rio como espaço de demonstração do esporte e também para mostrar mais claramente para a sociedade que ele está sendo recuperado.”
Sérgio Schildt, presidente da Recoma
A vice-presidente da Fast Engenharia, Tatiana Fasolari, ressalta que, para concretizar projetos como esses, é necessário uma vontade coletiva de preservar os recursos naturais para as gerações futuras.
Na visão do professor de Marketing Esportivo na ESPM, Ivan Martinho, os rios Pinheiros e Tietê são grandes ícones da paisagem paulistana. Com o processo de despoluição, eles se tornam destino e passam a permitir o convívio de diferentes grupos que compõem o espaço urbano assim como nas cidades modernas do mundo.
Esses novos espaços se tornam oportunidades para marcas interagirem com o público, proporcionando experiências positivas e cuidando da nova paisagem. A ciclovia já atraiu anos atrás o público de ciclistas, aos poucos foram chegando algumas outras opções de atividades propostas por empresas como Beach Tênis, Footvolley e agora opções gastronômicas e de entretenimento, que prometem valorizar de vez esse novo destino na cidade.”
Ivan Martinho, professor de Marketing Esportivo da ESPM
O principal desafio para concretizar projetos como esses no Rio Pinheiros é se adequar às limitações ambientais e de infraestruturas, além de garantir o engajamento da comunidade, segundo Fernando Patara, head de Inovação do Arena Hub. “A transformação de áreas degradadas em locais de esporte e lazer pode revitalizar regiões urbanas, tornando-as mais atrativas para moradores e visitantes, o que pode impulsionar o desenvolvimento econômico local”, afirma Patara.
Despoluição do Pinheiros
Processo de despoluição do Rio Pinheiros não é recente. Em 1999, o então governador Mario Covas lançou o projeto Pomar Urbano, que promoveu a educação ambiental e procurou devolver vegetação às margens do rio. O governo de Geraldo Alckmin anunciou, por sua vez, projeto de despoluição em janeiro de 2001 e o governo de João Doria fez a promessa de reduzir o esgoto lançado, melhorar a qualidade das águas e revitalizar as margens, ainda poluídas.
Os contratos firmados para obras e intervenções continuam na atual gestão do governador Tarcísio de Freitas. Por ser afluente do Rio Tietê, o projeto de despoluição do Rio Pinheiros agora faz parte do Integra Tietê, anunciado em março deste ano que prevê uma série de medidas de curto, médio e longo prazo.
O Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), autarquia ligada à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo priorizou nos seis primeiros meses deste ano a execução de obras para minimizar os efeitos das enchentes e tem feito esforços para integrar a governança dos recursos hídricos, a fim de garantir soluções perenes e sustentáveis para o meio ambiente e a sociedade.
O Rio Pinheiros, assim como o Rio Tietê, têm recebido serviços de desassoreamento e manutenção que já resultaram na remoção de cerca de 389 mil m3 de sedimentos e mais de 2,2 mil pneus descartados nos canais. Essas ações melhoram a capacidade de escoamento e minimizam os efeitos das cheias, além de contribuir para a melhoria da qualidade das águas.
Mas ainda falta um longo caminho. De acordo com o relatório do SOS Mata Atlântica “Observando o Tietê”, as condições do Rio Pinheiros eram piores do que as do Rio Tietê na capital. Uma rede de voluntários fez coletas mensais de amostras. Os resultado aferidos entre setembro de 2022 a agosto de 2023 apontam que, dos seis pontos de coleta nos quais o Índice de Qualidade da Água é péssima, três deles estão no Rio Pinheiros, mais especificamente nas pontes do Jaguaré, Cidade Jardim e João Dias.
Mas o relatório reconhece que os impactos das ações implementadas podem levar algum tempo para serem observadas na melhora da qualidade da água. “De todo modo, já é possível observar a melhora, tanto no aspecto quanto no do rio,” segundo o documento.