É preciso mobilização para ampliar reciclagem no país

  • Cooperativismo é um dos caminhos para a reciclagem de resíduos sólidos. Brasil tem 4.880 cooperativas, das quais apenas 97 atuam com recicláveis secos recuperados de papel e papelão, plásticos, metais e vidros;
  • Meta do Plano Nacional de Resíduos Sólidos é reciclar mais de 100 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos por dia em 2040, quase metade do que é gerado no país, com reciclagem, compostagem, biodigestão e recuperação energética;
  • Atualmente o índice de reciclagem nacional é de somente 4%.

A reciclagem é um dos sete Rs da Economia Circular (Repensar, Recusar, Reduzir, Reaproveitar, Reutilizar, Reciclar e Recuperar) e o cooperativismo é um dos agentes necessários para a operação desse sistema. Especialmente se for considerado que pouco mais de um quarto das cidades brasileiras, 27% ou cerca de 1,5 mil municípios, sequer contam com coleta seletiva, impactando a destinação final dos resíduos e a extração de recursos naturais. 

O Anuário de Reciclagem de 2022 mapeou 1.996 organizações de catadores no Brasil presentes em 1.032 municípios brasileiros, nas quais atuam 59.609 catadores. Já a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) tem o registro de apenas 97 cooperativas atuando com recicláveis secos recuperados de papel e papelão, plásticos, metais e vidros, em um universo de 4.880 cooperativas em operação em diversos outros setores no país.

Será preciso um grande processo de mobilização social e empresarial para atingir as metas ambiciosas do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares) para os próximos 20 anos. A proposta é reciclar mais de 100 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos por dia em 2040, quase metade do que é gerado no país, com reciclagem, compostagem, biodigestão e recuperação energética.

Índice nacional de reciclagem de 4%

O coordenador pedagógico do Movimento Circular e doutor em Educação e Sustentabilidade, Edson Grandisoli, diz que uma das principais conquistas a serem celebradas no Dia da Reciclagem, em 17 de maio, é o aumento sensível do engajamento de pessoas, empresas e governos com a reciclagem. “O número de cooperativas tem crescido e, cada vez mais, elas desempenham papéis fundamentais nas áreas ambiental, de saúde pública, economia e inclusão”, afirma. 

Apesar das vitórias, Grandisoli avalia que ainda há muito a ser feito, uma vez que uma porcentagem ainda muito pequena dos resíduos sólidos é efetivamente reciclada. Segundo a Abrelpe, o índice de reciclagem nacional é de apenas 4%, abaixo de países com grau de desenvolvimento econômico similar, como Chile, Argentina, África do Sul e Turquia, que apresentam média de 16% de reciclagem, conforme a International Solid Waste Association (ISWA). Na Alemanha, o índice de reciclagem chega a 67%.

O coordenador do Movimento Circular afirma que a reciclagem é vital para a economia. “Um dos grandes objetivos do Movimento Circular é trazer ao conhecimento do grande público experiências de sucesso e o importante trabalho de cooperativas e empresas parceiras é fundamental, a fim de estimular ainda mais a construção de uma nova forma de pensar e agir”, comenta.

“Um dos grandes objetivos do Movimento Circular é trazer ao conhecimento do grande público experiências de sucesso e o importante trabalho de cooperativas e empresas parceiras é fundamental, a fim de estimular ainda mais a construção de uma nova forma de pensar e agir.”
Edson Grandisoli, coordenador pedagógico do Movimento Circular

Valorização social

O diretor da Cooperativa de Coleta Seletiva da Capela do Socorro (Coopercaps), Telines Basilio do Nascimento Júnior, o Carioca, avalia que o Brasil ainda precisa percorrer um longo caminho para tornar a reciclagem inclusiva e socialmente bem-sucedida.

“Hoje ainda vivemos um cenário de exclusão social enorme, falta valorização da ponta da cadeia. Poucos continuam ganhando muito e muitos, principalmente os catadores, ganhando tão pouco.”
Telines Basílio do Nascimento Jr., o Carioca, diretor da Cooperativa de Coleta Seletiva da Capela do Socorro

Carioca diz que um sistema eficiente de reciclagem passa pela inclusão socioeconômica dos catadores e catadoras, visibilidade, valorização profissional, direito a trabalho digno, moradia, saúde e educação. Ele comenta que as mulheres representam quase 70% da mão de obra do setor e precisam ter direito a creche. “Esperamos que nos próximos anos tenhamos mais o que comemorar, possamos ter dignidade e cada vez mais orgulho do nosso trabalho”, diz. 

Além da valorização dos catadores e catadoras, inclusive com contratações pelas empresas que prestam serviços de ambientais urbanos para os municípios, Nascimento Júnior defende créditos mais acessíveis para melhorar a infraestrutura dos galpões das cooperativas e a urgência em oferecer aos catadores e catadoras condições que permitam acabar com o trabalho de tração humana, quando o transporte dos resíduos é feito pelo próprio trabalhador. 

No curto prazo, Nascimento Júnior afirma que é necessário o envolvimento de toda a sociedade, com responsabilidade compartilhada. “É preciso sensibilizar o fabricante, o distribuidor, o poder público e o consumidor para que possamos mudar nossos hábitos”, alega o diretor da Coopercaps. 

Em médio e longo prazo, ele cita obrigatoriedade de oferecer educação ambiental nas escolas, desenvolvimento de políticas públicas de Economia Circular, incentivo às indústrias recicladoras, fim da bitributação das embalagens pós-consumo, valorização da mão de obra dos catadores e catadoras, redução do INSS para as Cooperativas, reforma tributária inclusiva valorizando a cadeia de materiais recicláveis. 

Sobre o Movimento Circular – Criado em 2020, o Movimento Circular é um ecossistema colaborativo que se empenha em incentivar a transição da economia linear para a circular. A ideia de que todo recurso pode ser reaproveitado e transformado é o mote da Economia Circular, conceito-base do movimento. O Movimento Circular é uma iniciativa aberta que promove espaços colaborativos com o objetivo de informar as pessoas e instituições de que um futuro sem lixo é possível a partir da educação e cultura, da adoção de novos comportamentos, da inclusão e do desenvolvimento de novos processos, produtos e atitudes. A iniciativa conta com a Dow, empresa de ciências dos materiais mais inovadora, centrada no cliente, inclusiva e sustentável do mundo, como parceira pioneira.

Fonte: Assessoria de imprensa

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