Pedro Paro, CEO e fundador da Humanizadas
Os últimos anos mudaram a maneira como o mundo enxerga a sustentabilidade e as mudanças climáticas. Porém, nesse período de pós-pandemia, também ganhou notoriedade na mídia o movimento “anti-ESG” nos EUA, junto com as interrupções globais da cadeia de suprimentos, riscos de segurança energética, crises econômicas e redução de investimentos. Parece que os ânimos por novas direções reduziram – o que não significa que estamos passando por um retrocesso na agenda, mas sim, lapidando processos.
Com essa perspectiva em mente, decidimos analisar as principais tendências desse mercado para 2023, a partir de uma análise de 21 artigos, relatórios e análises globais, publicados entre dezembro e janeiro deste ano. Nesse estudo, foram identificadas 36 tendências citadas, desde o possível crescimento do movimento anti-ESG até o fortalecimento dos padrões e regulamentações, com 4,8% e 71,4% de citações, respectivamente. Na perspectiva global, existem mais empresas e especialistas preocupados com a melhoria na regulamentação, do que em retroceder com a agenda de sustentabilidade.
O gráfico a seguir ilustra os 12 principais pontos mapeados (de um total de 36 temas identificados), avaliando uma perspectiva global sobre ESG, e não apenas nacional.
A partir dos dados coletados, é possível observar o fortalecimento dos padrões e regulamentações (71,4%). Esse movimento se deve em parte às empresas do Reino Unido, que parecem tomar as rédeas desse debate. No ano passado, foi elaborado o primeiro rascunho de uma nova estrutura de divulgação para os próximos relatórios climáticos obrigatórios e isso deve dar um norte para cada região construir seus próprios modelos de metas conscientes.
Com todas essas regulações e as autoridades públicas pressionando por mudanças, o que se espera é que haja um maior investimento no setor no decorrer de 2023. Inclusive, podemos observar essa tendência através das perspectivas que o próprio mercado tem. Um
exemplo disso é o “Relatório ESG Radar 2023”, publicado recentemente pela Infosys, empresa de consultoria e serviços digitais. O documento traz uma expectativa de que os investimentos em ESG nas organizações devam chegar a US $53 trilhões até o ano de 2025, ou seja, um terço dos ativos globais sob gestão.
Sob esse aspecto, um ponto cego que identificamos na análise de tendências em ESG, é a ausência de temas relacionados à educação corporativa, o desenvolvimento de lideranças na agenda e a formação de uma cultura organizacional orientada à sustentabilidade. Enquanto as organizações não tiverem uma liderança e uma cultura capazes de impulsionar e sustentar a agenda ESG, a tendência é convivermos com casos de greenwashing, e não conseguirmos atingir os resultados que almejamos enquanto negócios e humanidade.
De qualquer forma, as análises indicam que o ESG está de fato ganhando forma no mundo corporativo, com empresas cada vez mais engajadas em soluções ambientais e sociais, sendo algo enraizador não apenas nas corporações como também no governo e na sociedade como um todo.
Pedro Paro, CEO e fundador da Humanizadas, empresa de avaliação multistakeholder em ESG com uso de Inteligência de Dados que visa beneficiar pessoas, sociedade e planeta.
Sobre a Humanizadas
A Humanizadas é a primeira empresa brasileira de avaliação multistakeholder em ESG orientada à Inteligência de Dados. Com a pesquisa “Melhores Para o Brasil”, analisando organizações em quatro pilares institucionais – reputação, princípios de gestão, cultura e narrativas -, alinhada ao Capitalismo de Stakeholders, a Humanizadas tem como objetivo combater o greenwashing. A empresa auxilia no processo de prosperidade econômica no país, mitigando crises ambientais e de governança, além de diminuir a desigualdade social, ao mesmo tempo em que constrói reputação de marcas, cultura organizacional, princípios e valores.